Quem Somos
Isabel Mascaro
Arquiteta de formação, recém formada já foi trabalhar como estilista, o que reflete diretamente no seu processo de criação. Fugiu da arquitetura por não se adequar ao universo digital como instrumento de trabalho. Sua extensão é o lápis e o papel, tem afinidade com o palpável, se identifica mais com o analógico.
Desenha projetando e construindo com tecidos, sempre de alta qualidade, para que estes acompanhem a atemporalidade das suas roupas. Sua ascendência japonesa por parte de mãe também rege as diretrizes do seu trabalho, de certa maneira com tendência ao minimalismo, à geometria, muitas vezes inspirado nos kimonos japoneses.
Sua mãe, Satiko, foi estilista pioneira em uma época que a moda engatinhava no Brasil, fundou uma marca nos anos oitenta, que mais tarde nos anos dois mil, deu origem à Satiko+Isabel. Também arquiteta, filha de modelista e costureira que fazia peças sob medida. São três gerações se dedicando a vestir mulheres.
Desde pequena, Isabel viveu cercada pelo universo das ideias, modelagem, corte e costura. Roupas produzidas em pequena escala, artesanalmente. Caçava no “lixo” da mesa de corte, uma mesa de pingue-pongue improvisada, os tecidos mais especiais para inventar roupas de boneca. Assistir sua mãe se vestindo diariamente, separando as peças de véspera, também foi um passatempo precioso que mais tarde desabrochou nessa paixão pelo vestir-se, comunicar-se através da roupa e desejar compartilhar essa ferramenta da beleza através das suas criações.
Processo Criativo
A estilista propõe uma moda atemporal, que não se esgota, nem se desgasta em uma estação, por isso deve ser construída com um tecido que acompanhe a sua longa durabilidade. “Modelagem e tecido enaltecem um ao outro”, reforça a estilista.
São roupas extremamente versáteis que transitam do trabalho à festa. E é recorrente a possibilidade de vesti-las de mais de uma maneira, multiplicando o visual. Peças dupla face, com diferentes abotoamentos, com frente e costas não definidos, possibilidade de vestir em pé e de ponta cabeça, artifícios engenhosos que transformam um modelo em vários.
O kimono é fonte de inspiração inesgotável. Suas partes retangulares, sem curvas, totalmente ortogonais, a modelagem perfeita com zero desperdício de tecido, gera ideias com ares contemporâneos apesar de ser uma vestimenta milenar.
O universo da linguagem japonesa e arquitetônica se entrelaçam em dobraduras, recortes estratégicos, amarrações, harmonia de proporções, estruturas geométricas.
A modelagem clássica ocidental junto com a técnica de moulage, também têm seu lugar e importância, fazendo contraponto, criando constrastes.
“É um constante desafio vestir cada vez mais democraticamente. A miscigenação, tão característica do nosso país, resulta em uma diversidade de corpos. Se no mundo já é datado o discurso de um padrão, no Brasil esse discurso nunca fez sentido para mim. Sempre procuro variar as modelagens para valorizar corpos distintos, cada um com sua particularidade. Também por isso, trabalho muito com a amplitude das formas e menos com peças extremamente ajustadas. O conforto caminha lado a lado com a elegância. Sentir-se inadequada dentro de uma roupa, para mim é um pesadelo. Vestir-se não pode te aprisionar, deve ser o oposto, é sobre liberdade.”, diz Isabel.